Uma colónia pode ter entre 10 mil e 40 mil abelhas adultas, por isso estamos perante uma orquestra bem afinada todos os dias, para garantir a produção de mel, a limpeza da colmeia, o seu aquecimento ou arrefecimento até, a fecundação da rainha, enfim, um sem número de pequenos milagres diários, como vimos noutros textos aqui no blog da Quinta das Tílias.
O mais fascinante deste mundo é o dia a dia de uma abelha, aqueles insetos que já raramente vemos, infelizmente. A rotina é muito rica e envolve um sem fim de atividades.
Comecemos pelas obreiras, o nome é já uma pista. São a população mais numerosa na comunidade. Não metem ovos, mas fazem tudo o resto: constroem os favos e cuidam da criação, limpam a colmeia, defendem o território, procuram e armazenam os alimentos, compactam o pólen, recebem o néctar, cuidam da rainha, em caso de calor arrefecem a casa, em caso de frio aquecem-na, criando como um cacho de abelhas ruidoso para dar conforto a quem está lá dentro. As ações dependem da idade que têm, pois há certas atividades que implicam mudanças fisiológicas. Ou seja, até aqui se percebe que sabem muito bem o que estão a fazer, pois cada abelha sabe a sua tarefa no dia a dia. Estas nossas amigas podem durar entre 15 e 40 dias.
Se em cada colónia podem existir até 40 mil abelhas, uma coisa é certa: normalmente só existe uma rainha. É a única fêmea sexualmente madura, somente ela é capaz de pôr ovos. E porquê? Porque soltam químicos que inibem as outras de se reproduzirem, garantindo a coroa eterna. Os tais químicos oferecem também algumas estabilidade e harmonia na colmeia. São também as abelhas que atingem a maior dimensão e as que vivem mais tempo, alimentadas com geleia real (veja aqui os nossos produtos com geleia real). A duração da vida da rainha está entre os dois e os quatro anos, havendo poucos casos em que vivem até aos oito. Quando chega o pico de produção, a rainha chega a pôr 2000 ovos por dia.
O dia a dia da rainha é, lá está, para além de ser mimada e cuidada pelas abelhas-ama, composto por voos de acasalamento para dar continuidade à espécie.
E é aqui que entram os zângãos, que nada fazem na organização interna da colmeia. A sua tarefa é única e exclusivamente tentar a sorte nos voos de acasalamento da abelha rainha, que duram mais ou menos 30 minutos. A maioria nem chega a ter essa oportunidade. Quando está bom tempo, fazem entre três a cinco voos em cada tarde, regressando ao ninho para intervalos de 15 minutos para consumirem mel e reporem as energias. Se o dia do macho se resume àqueles voos pela tarde, há uma notícia desavinda para eles: em caso de sucesso, de fecundarem a rainha, os machos morrem após a cópula.
Resumindo: num só dia, há milhares e milhares de abelhas focadas na sua tarefa, que até pode mudar consoante a sua idade. As rainhas são rainhas, vivem para ser adoradas e cuidadas pela fresca, voando pela tarde a pensar no amanhã da espécie. Os zângãos, como já tínhamos visto, sacrificam-se mas vivem o dia a dia no limite, sem preocupações caseiras, mas sim procurando o calor da rainha. As obreiras, pois claro, garantem o funcionamento da sociedade inteira.