Desta vez, e ainda no campeonato da primavera, vamos falar sobre rosmaninho, uma planta especial que até às gavetas de roupa dá um aroma singular. O cheirinho a rosmaninho leva-nos para algumas populares tradicionais portuguesas: era utilizado para cobrir o chão durante as procissões e usado até como combustível nas fogueiras dos Santos Populares. Quem tem uma bagagem maior, assim como a lembrança, porventura lembrar-se-á de João Villaret a cantar o poema de António Lopes Ribeiro, “A Procissão”, na RTP:
Tocam os sinos da torre da igreja,
Há rosmaninho e alecrim pelo chão.
Na nossa aldeia que Deus a proteja!
Vai passando a procissão.
A primavera está aí. Já se notam os dias maiores, as flores a brotar, as cores a alegrar a nossa rua e outra leveza na alma, certo? Neste novo texto do blog da Quinta das Tílias vamos conhecer os irresistíveis encantos do rosmaninho, uma planta que está muito ligada às nossas raízes e costumes.
Primeiro, a definição: o rosmaninho é uma planta (Lavandula stoechas) aromática labiada, nativa do Mediterrâneo, de folhas lineares tomentosas e flores em forma de espiga, rosadas ou violáceas. A flor desta planta chama-se alfazema. Mas, antes de mais, vamos já aqui remover o elefante que está na sala: há um erro comum que é importante tratar aqui, à boleia de um artigo da revista “Evasões”. Diz assim:
“Comecemos por usar as palavras certas e deixar de chamar lavandas às alfazemas, porque é este o autêntico nome português desta família de plantas (apesar da sua nomenclatura científica ser Lavandulas)”, pode ler-se nas páginas daquela revista. “Vamos também deixar de chamar rosmaninho ao alecrim, superando outra confusão causada pelo nome científico. É que ser o alecrim designado por Rosmarinus officinalis – e ser “romero” em espanhol, “romarin” em francês e ”rosmarino” em italiano – causa frequentes erros de tradução.” Interessante, não é?
O rosmaninho é uma planta espontânea em Portugal que podemos encontrar tanto no monte como a cultivar num lugar cheio de sol da varanda de casa, sem precisar de rega. Diz-se até que é das plantas mais fáceis de cuidar, pois vive bem perto do mar, em altitude ou até sob condições meteorológicas desfavoráveis e extremas.
O rosmaninho pode ser usado para condimentar os assados e os doces. Ou, como já dissemos, perfumar a roupa que descansa nas gavetas de nossa casa. É mais uma maravilha da natureza, mas temos outra: o mel de rosmaninho da Quinta das Tílias (veja aqui). O nosso mel de rosmaninho tem origem no Alentejo e destaca-se pela sua cor clara, um aroma floral pouco intenso e um gosto doce e subtil. O mel é considerado um importante complemento à alimentação, já que tem um alto teor energético e é rico em substâncias benéficas ao equilíbrio do organismo, tais como vitaminas, minerais e aminoácidos.
Voltando à revista “Evasões”, deixamos dois pontos muito importantes para os mais curiosos e aventureiros:
Como cultivar e cuidar
Gosta de solos pobres e bem drenados, com uma boa exposição solar. Plantar em compassos de 50 cm. Vive bem em altitude ou na proximidade do mar. Adapta-se bem em vasos e floreiras, mas o substrato deve ser mudado com regularidade. Cortar a planta regularmente, sobretudo após a floração. Nunca a deixar desprovida de folhas após a poda. Evitar plantar na bordadura dos relvados, porque não suporta a rega por aspersão. Depois de instalada e assim que assume o porte adulto, não necessitará de rega para sobreviver.
Colheita e utilização
Usam-se as flores, frescas e/ou secas. A melhor altura para proceder à colheita coincide com a fase de pré-floração (antes das flores abrirem). Deve cortar-se a flor com o caule com cerca de 10 a 20 cm. A secagem deve ser efetuada em ramos ou em tabuleiros. Deverá prever que algumas da flores se soltam facilmente das espigas. A secagem natural é fácil e as flores ficam normalmente com boa cor. Usar no tempero de assados, em infusões (tem efeito desinfetante) e usar para aromatizar doces e açúcar.