Já viu um enxame, certo? Ou abelhas em cacho. Não se preocupe, é uma situação inofensiva. O som é intenso, sim, mas as abelhas estão a tratar da sua vida, é um momento muito específico nas colónias. Desta vez, falaremos um pouco sobre isso.
O que é? Resumindo e simplificando, é um conjunto de abelhas numa colmeia ou num cortiço. A formação de enxames é um dos acontecimentos mais surpreendentes e belos do ciclo de vida das abelhas.
Já deve ter reparado naquele zumbido intenso quando o enxame se movimenta ou está perto de uma colmeia, certo?
As abelhas voam à procura da sua rainha e de um local para se agruparem. É inofensivo. Quando o caos se vai esfumando, as obreiras organizam-se e agrupam-se num cacho, no lugar onde a rainha pousou. Dá-se então o início da procura do novo local para o ninho.
De acordo com o guia da Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP), a grande vantagem da enxameação é as rainhas receberem uma preciosa ajuda na construção do novo ninho e na criação da sua prole. “Por outro lado, a enxameação requer um enorme investimento de tempo e energia, o que implica um esforço acrescido na recolha de alimentos”.
Os enxames saem, na sua grande maioria, para a rua em abril ou maio até ao início de junho, sendo que tudo depende das regiões e condições meteorológicas, naturalmente.
Depois da majestosa e rigorosa preparação, que acontece entre duas a quatro semanas antes da saída do primeiro enxame, chega finalmente o dia da enxameação, que obriga as obreiras a ingerir grandes quantidades de mel. Essas senhoras começam então “a correr e a zumbir para excitar a colónia, sendo a rainha perseguida, mordida e arrastada, até que a torrente de abelhas se lança no ar, levando consigo a rainha”.
Pouco depois, conta ainda a FNAP no seu guia, as abelhas acabam todas pousadas, formando um cacho, frequentemente num arbusto ou num ramo de árvore, enquanto algumas obreiras batedoras iniciam a procura de uma cavidade para construir o novo ninho.
Este é o processo mais complexo do enxame, mas também há outras dimensões da utilidade do mesmo, como o aquecimento ou a ventilação da colmeia.
Ou a comunicação, como já vimos noutro texto do blog da Quinta das Tílias, que também funciona através de um sistema de abelhas em cacho e que é vital para a localização de fontes de néctar e de outros recursos. As obreiras utilizam uma linguagem de danças, que executam dentro dos ninhos ou nos enxames, que indicam com notável exatidão a distância, a direção e a qualidade daqueles recursos.
Lembre-se: quando vê as abelhas num cacho ou formando uma bola ruidosa, elas não estão a preparar uma ofensiva para conquistar o mundo. Elas estão apenas a tratar da casa delas. Não é perigoso. Desfrute daquela bem orquestrada e sublime sociedade.