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O título estraga qualquer suspense, não é? Esta história, que lá está começa na Eslovénia, é sobre amor, aprendizagem, cuidado e futuro. É sobre abelhas e a noção da sua importância (para o mundo e para a carteira). A apicultura é como um estilo de vida por lá: um em cada 200 eslovenos é apicultor (quatro vezes mais do que na União Europeia inteira), por isso têm tanto poder junto dos políticos e fazem tanto barulho, por serem uma fatia grande do eleitorado. O mel está em muitos pratos típicos do país, até no café, e aprecia-se o recurso à apiterapia para tratar doenças ou lesões crónicas (lembram-se das maravilhas dos produtos das nossas amigas?). Durante o confinamento nesta crise sanitária, o Governo esloveno declarou os apicultores como trabalhadores essenciais, por isso tinham mais liberdade para cuidar dos seus apiários e abelhas. Hvala vam!

Estes números e curiosidades todos moram neste artigo da revista “Time”. A jornalista Melissa Godin puxou a fita atrás e recordou o dia em que o apicultor Peter Kozmus regressou de Nova Iorque para Liubliana, a capital da Eslovénia, em 2017, e foi recebido como uma estrela de rock. Ou um atleta. Havia gritos, alegria, aplausos e bandeiras a dançar nas alturas. Kozmus convenceu uma delegação das Nações Unidas a visitar o país e garantiu o sucesso da petição que transformaria o 20 de maio no dia das abelhas pelo mundo inteiro. “Parecia que éramos heróis. Era como se fossemos atletas a voltar com medalhas de ouro”, contou o apicultor esloveno à revista.

Ainda este ano, neste atípico e desgostoso 2020, as Nações Unidas não deixaram de assinalar o dia tão especial para as nossas amigas: “As abelhas e outros agentes de polinização são fundamentais para o funcionamento de plantações de alimentos, plantas silvestres e ecossistemas”. Em maio passado, o Dia Mundial da Abelha apontou os holofotes para a produção e medidas adotadas por apicultores para apoiar a sua subsistência e a qualidade dos seus produtos. E a ONU deixou um aviso sério: “Atualmente, espécies de abelhas estão sob risco de extinção entre 100 a mil vezes mais alto do que o normal por causa do impacto humano. Quase 35% dos polinizadores invertebrados, especialmente abelhas e borboletas, estão sob risco, assim como 17% de vertebrados como morcegos. Se a tendência continuar, plantações de frutas, vegetais e nozes terão de ser substituídas por arroz, batatas e milho, levando a uma dieta não equilibrada”.

Mas voltemos à querida Eslovénia, que foi ela que nos trouxe até aqui. As abelhas, já sabemos, estão a desaparecer, nem as vemos no chão, caídas, derrotadas. Esquecidas. O uso de pesticidas tem sido nefasto, as alterações climáticas idem. As colmeias e a população de abelhas têm vindo a diminuir na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo, mas na Eslovénia a cantiga é outra: a população de abelhas está a florescer. “A Associação de Apicultores da Eslovénia relata um aumento anual de 2% no número de colónias de abelhas em todo o país. De 2007 a 2017, a Eslovénia viu um aumento de 57% no número de colmeias, de acordo com a Organização para Alimentação e Agricultura” da ONU, pode ler-se no artigo da “Time”.

O amor e cuidado da Eslovénia pelas abelhas e pelos poderes mágicos delas remonta ao século 18, quando a imperatriz Maria Teresa fundou ali a primeira escola de apicultura do mundo. O professor responsável pela escola foi um tal de Anton Janša, um homem que é considerado, pelas suas técnicas inovadoras, o pioneiro da apicultura moderna. Janša nasceu a 20 de maio de 1734. Isso mesmo, o Dia Mundial da Abelha, 20 de maio, é em homenagem a este homem, um pioneiro e um amante das abelhas que tanto apreciamos na Quinta das Tílias.

 

Nesta reportagem da BBC, no vídeo em cima, podemos aprender que há escolas a introduzirem apiários nas suas instalações, para os meninos mais agitados irem até lá e cuidarem das abelhas para acalmarem. Os bombeiros, sujeitos a stress e a eventos trágicos diariamente, também começaram a tratar das abelhas para serenarem e defenderem a sua saúde mental. “Trabalhar com abelhas acalma, uma picada ocasional tem um efeito positivo no reumatismo. O som das abelhas é muito relaxante e as fragrâncias que libertam são também curativas”, explica à BBC Marko Fedran, um bombeiros.

Há até museus destinados à apicultura na Eslovénia, uma tradição com barbas naquele país, assim como existem negócios de turismo a piscar o olho a esta arte. Há também arquitetura e uma colmeia inovadora (AZ) viradas para o bem-estar das abelhas, nomeadamente no que toca à organização e pintura de apiários, para ajudar as abelhas a orientarem-se, assim como para permitir aos apicultores distinguirem colmeias individuais e monitorizarem o que se passa com mais acerto. O tal tipo de colmeia AZ permite também uma defesa contra invernos rigorosos, protegendo as abelhas do frio e do vento. 

A Associação de Apicultores da Eslovénia foi formada em 1873 e tem mais de 8000 membros. Organizam-se aulas em escolas, fazem-se campanhas, como uma em 2007 para o café da manhã tradicional conter mel esloveno, e pressionam-se os governantes para medidas mais amigáveis para os apicultores.

O Ministério da Agricultura daquele país chegou a criar leis para defender as abelhas e todo o universo que as envolve. O estatuto dos apicultores é igual ao dos agricultores. Mais um exemplo? Em 2011, o Governo da Eslovénia proibiu o recurso a alguns tipos de pesticidas, nomeadamente neonicotinóides, que são quimicamente semelhantes à nicotina e que são usados para proteger as plantas dos insetos. Foi o primeiro país da União Europeia a fazê-lo. Essa descoberta e medida governativa foi partilhada com outros países europeus e a matança de abelhas foi estancada. O presidente da Federação Internacional das Associações de Apicultores elogiou a Eslovénia e falou num “papel muito ativo” daquele país na defesa das abelhas.

Graças aos eslovenos há um dia para as nossas amigas abelhas serem lembradas. Kozmus, o tal apicultor que quase se sentiu um atleta olímpico, explica melhor: “Não queremos que o Dia Mundial da Abelha seja uma celebração porque não temos nada para celebrar neste momento. Queremos usar este dia como uma ferramenta para informar as pessoas que as abelhas são importantes”.

Temos muitas lições a aprender com a Eslovénia, certo?

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