O própolis já tem poucos segredos para os leitores e clientes da Quinta das Tílias. O própolis é a tal substância que é como uma goma ou resina de composição complexa que é recolhida pelas abelhas a partir de várias plantas. Os benefícios para a saúde são muitos, devido sobretudo às ações antibacteriana, antiviral, antifúngica e anti-inflamatória desta matéria.
Se já é consensual que o própolis traz benefícios para o nosso organismo, que utilidade tem para as abelhas?
Ora, as nossas amigas recorrem a esta substância para protegerem as suas colmeias, aplicando ali uma fina camada daquela substância sobre a parede interna das células do favo que constroem e utilizam. E porquê? Para prevenir perdas de humidade nos períodos de seca, assim como o seu excesso aquando da temporada das chuvas. No fundo, regulam o nível de humidade e tornam o ambiente ideal.
A tal camada fina de própolis funciona como uma espécie de verniz, tornando as paredes da colmeia mais escorregadias e matreiras, ajudando assim na hora de expulsar ou desencorajar eventuais invasores como as formigas, por exemplo. Mais: o própolis é ainda usado para isolar pequenos buracos e pequenas fissuras da colmeia, assim como para reparar favos e reforçar as extremidades das células, protegendo assim as colmeias, seja de invasores ou de temporais desavindos.
Há também, para além do olhar mecânico sobre o própolis, a mirada biológica. Isto é, essa substância serve também para embalsamar invasores mortos pelas abelhas, que estas não conseguem expulsar (e assim evitam a sua natural putrefação). As bactérias e os fungos têm a vida dificultada perante a presença do própolis. Por isso, todas as células de criação são revestidas com uma fina camada de própolis antes de a rainha colocar no seu interior um ovo.
A extração do própolis coloca então em risco as abelhas e a segurança das suas casas? Não. Elas mantêm sempre a proteção das colmeias, pois renovam o contingente de própolis.
Resta saber como se faz a extração do própolis.
Nesta altura do ano, com as temperaturas a descer, torna-se mais fácil proceder à separação do própolis da madeira, ao mesmo tempo que o seu estado rígido limita a possibilidade de contaminação com pedaços de madeira ou de abelhas.
De acordo com a Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP), é recomendada a utilização de uma espátula de aço inoxidável, pouco afiada, de forma a reduzir o risco de arrastar farpas de madeira. Não se deve raspar sobre madeiras pintadas, pois as tintas são o principal contaminante do própolis, ou seja, deve-se apenas raspar o própolis das superfícies interiores do material, quer sejam as alças, as tampas ou os ninhos. Apenas os quadros podem ser totalmente raspados. A própolis que se encontra nos estrados deve ser rejeitada.
Outro detalhe importante: deve-se ter o cuidado de realizar estas operações com as mãos limpas – de mel, sujidade, ou qualquer outra substância – para evitar contaminações. É avisado igualmente evitar expor o própolis à luz direta do sol, assim como proceder de imediato à sua armazenagem em locais frescos, evitando que se compacte, pelo que não se deve comprimir com as mãos formando bolas, mas sim mantê-lo sob a forma de escamas. Não devem ser misturados própolis de diferentes origens.
O recurso a redes para extração do própolis também é possível mediante algumas recomendações. As redes metálicas, por exemplo, não devem ser utilizadas pois contaminam o própolis. Já as de fibra de vidro tendem a rasgar-se com facilidade, pelo que as de plástico (mosquiteiras, por exemplo) são as melhores. Ah, e devem ser brancas ou de cores claras, ok?
Finalmente, após a coleta do própolis, é essencial proceder à limpeza. Para tal, recorra a uma pinça, tendo o cuidado de retirar todos os contaminantes, como pedaços de abelhas ou de madeira, bem como todas as raspas de própolis que possam ter pintura aderente, já que esta é uma das principais fontes de contaminação, alerta a FNAP.
