Para responder ao título deste artigo, vamos diretos ao osso: a varroose é uma patologia apícola causada pela varroa. O que é a varroa? É um ácaro que é parasita de algumas espécies de abelhas. Ou seja, juntando aos problemas dos pesticidas, alterações climáticas e miopia e esquecimento do homem, este é um dos maiores problemas das nossas amigas abelhas.
Esta parasitose é causada pelo ácaro Varroa destructor, que originalmente até fustigava mais outra espécie, a Apis cerana, sendo que atualmente castiga sobretudo a Apis mellifera L. Esta doença, presente em todo o mundo, não é possível erradicar e é uma das coisas que mais complica a vida dos apicultores, pode ler-se no “Plano de luta contra a varroose” da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV). “A infestação propaga-se por contacto direto entre abelhas adultas e pela movimentação de abelhas e de crias infestadas. O ácaro pode ser também um vetor de vírus da abelha melífera.”
De acordo com o “Manual de sanidade apícola” da Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP), “as varroas adultas vivem sobre as abelhas, alimentando-se da hemolinfa, mas introduzem-se nas células de criação, para completar o seu ciclo de vida”. Mais: este ácaro prefere a criação do zangão, pois as larvas são maiores, o que lhes assegura uma maior quantidade de alimentos à disposição. “O seu ciclo prolonga-se por todo o ano, desde que haja criação, o que normalmente se verifica nas condições do nosso país.”
Qual é o ciclo de vida deste ácaro?
Segundo a DGAV, está dividido em duas fases: uma em que se desenvolve e a outra em que se reproduz, fase essa que é culminada dentro dos alvéolos de criação das abelhas e que vai de oito a nove dias desde ovo, larva, ninfa a adulto, sendo que são adicionados mais cinco dias de maturação sexual.
A seguir temos a fase forética, em que os adultos se alimentam sobre as abelhas, sem se reproduzirem. É nesta fase que a transmissão a outras abelhas é feita, que se estende depois a outras colmeias e apiários. Lá está, é como um vírus e nós sabemos melhor do que nunca o que isto representa e como um elemento pode contaminar tantos outros.
Há sinais para ser detetada esta doença?
Sim. Nas abelhas adultas vislumbram-se asas deformadas, por exemplo. Pode observar-se também a presença do ácaro varroa sobre as abelhas. Outro sinal é a deteção de um abdómen pequeno nas abelhas.
Já os sinais clínicos na criação são bem mais complexos: criação em mosaico; larvas parasitadas a partir do 5º/6º dia de vida; canibalismo em larvas ou pupas; abelhas mortas com asas deformadas nos alvéolos; pupas mortas ou abelhas mortas (apenas a cabeça emerge, com a língua de fora); presença de parasitas (estádio maturo: fêmeas castanhas; estádio imaturo: brancas); opérculos com pequenos orifícios; opérculos deformados; larvas mortas castanhas ou castanhas claras; larvas mortas secas; a criação dos zangãos é a mais parasitada.
Para fazer frente a esta praga, a DGAV recomenda assim dois tratamentos por ano em cada colónia, com medicamentos veterinários autorizados. “Uma adequada higiene e regular desinfeção do material apícola são consideradas medidas complementares à utilização de fármacos para a prevenção da varroose.”
E o que fazer, afinal?
– Substituição regular das ceras (3 quadros/ano);
– Limpeza regular de estrados;
– Substituição de rainhas com mais de 2 anos;
– Raspagem e chamejamento das madeiras com maçarico;
– Raspagem e imersão do material em solução de formol a 40%;
– Imersão dos quadros em solução de água a ferver com soda cáustica a 3%.