O pólen, já sabemos, é um alimento completo e rico nutricionalmente, graças aos aminoácidos essenciais e necessários para o organismo humano. Os benefícios do pólen para a saúde vão sendo cada vez mais conhecidos, mas é tempo de irmos mais além, há mais coisas por descobrir…
Qual é o melhor lugar para produzir pólen? Qual é a sua maior inimiga? Como é a colheita? Que material é usado? As abelhas podem sair prejudicadas? Quando colocar e retirar os capta-pólenes? Este artigo vai viajar sobretudo à boleia do “Manual de produção de pólen e própolis” da Federação Nacional de Apicultores de Portugal (FNAP).
A produção de pólen em termos comerciais apenas terá sucesso em zonas onde existe muita disponibilidade deste recurso, segundo a FNAP. As regiões mais secas do país, nomeadamente Beira Interior e Alentejo, são as mais favoráveis. E porquê? A humidade é a principal inimiga desta produção.
A produção e o processamento do pólen é menos trabalhoso do que a geleia real, por exemplo, pelo que pode constituir uma boa solução quando procurarmos diversificar as produções da nossa exploração.
Ao contrário do mel, o pólen não é armazenado na colmeia em quantidades muito superiores às necessidades da colónia. O pólen pode ser “colhido” da colmeia através da colocação de capta-pólenes (ou caça-pólenes), que não devem ser colocados enquanto as condições climatéricas não forem favoráveis, pois estas dificultam não só a recolha do pólen, mas sobretudo contribuem bastante para a sua degradação. As abelhas, ao entrarem na colmeia, têm de passar por uma rede cuja malha tem uma dimensão tal que muitas das cargas polínicas transportadas nas patas das abelhas obreiras em pastoreio de pólen caem para um recipiente, que é parte integrante do capta-pólenes. Este recipiente encontra-se separado do resto do equipamento por uma rede de malha fina que impede as abelhas de recolherem o pólen caído no seu interior. O fundo deste equipamento deve ser de um material que deixe escapar a humidade, assim como a água, e que facilite a circulação do ar, pois assim será possível evitar-se a deterioração do pólen.
Atenção! Cuidemos das abelhas
Há certos cuidados a ter para mantermos tanto a sustentabilidade das colmeias como a sociedade das abelhas equilibradas e saudáveis. Novamente a reboque da Federação Nacional de Apicultores de Portugal e do seu manual, explicamos melhor.
As abelhas não conseguem manter a sua criação saudável sem pólen, pelo que o apicultor deve sempre dar especial atenção ao bem-estar das suas colónias quando pretende orientar a sua exploração para a produção de pólen. Enquanto as colmeias estão equipadas com capta-pólenes, uma parte do pólen recolhido pelas abelhas obreiras persiste em entrar na colónia. Esta proporção varia de acordo com os tipos de equipamento utilizado (e as dimensões das grelhas), podendo ir dos 10 aos 60%. As abelhas obreiras podem rapidamente adaptar-se à dimensão das malhas, formando cargas polínicas de menores dimensões. Por isso, recomenda-se que os capta-pólenes sejam retirados 10 a 15 dias após a sua colocação, permitindo desta forma equilibrar o aporte de pólen para o interior da colónia, assim como fazer face às necessidades da criação presente no seu interior.
Alguns autores propõem um esquema de recolha que passa pela colocação dos capta-pólenes durante três semanas, retirando-os no decorrer da quarta semana. Um estudo realizado em França aponta para quebras de produção de pólen na ordem dos 24 % em colónias onde os capta-pólenes ficaram colocados durante 40 dias seguidos. Se queremos que as abelhas continuem a cuidar de nós, temos de cuidar delas…
O circuito do pólen
Colheita ou recolha: após a seleção do modelo de capta-pólen, este deverá ser colocado nas colmeias sem a rede durante 24 a 48 horas para que as abelhas se adaptem à nova entrada. Os diâmetros dos orifícios da malha (régua) devem ser adequados ao tamanho das abelhas podendo variar dos 4,45 mm até aos 5,00 mm. Esses orifícios não podem apresentar defeitos ou esquinas cortantes, de forma a evitar ferir as abelhas. As gavetas, obrigatoriamente, devem ser higienizadas a cada recolha. Durante o transporte até a sala de secagem deve proteger-se o pólen recolhido de forma a evitar possíveis contaminações.
Congelamento: após a colheita, e na impossibilidade de uma secagem imediata, deve ser feito o congelamento do pólen, o que permite que este se conserve “in natura”.
Secagem: por ser um produto higroscópico, e portanto suscetível ao crescimento de fungos e leveduras, deverá ser desidratado de imediato, para o que se necessita preferencialmente de um equipamento desumidificador de forma a manter uma humidade relativa do ar entre 40% a 50%; o secador deve possuir preferencialmente bandejas sobrepostas perfuradas, estar equipado com controlo de temperatura e sistema de circulação e renovação do ar. O teor de humidade final deve situar-se entre os 2,5 e os 6%, sendo que inicialmente, apesar de variar de região para região, com a época e forma de colheita, pode apresentar um valor entre os 18 e os 25%.
Sistema de limpeza: antes, durante e após a secagem é essencial a limpeza do pólen. Esta pode ser feita manualmente utilizando pinças ou através de um sistema mecânico, como um ventilador, com o objetivo de retirar eventuais partes de abelhas e restos de resíduos vegetais.
Conservação e embalagem: a conservação está diretamente relacionada com o sistema de embalagem. Os recipientes mais utilizados são frascos de vidro âmbar e plástico alimentar. Todos devem estar hermeticamente fechados.